deixa a chuva cair.

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Naquele fim de tarde, a chuva estava tão intensa que era quase impossível para Sehun ver através das gotas de água. Ele, completamente encharcado, protegia-se com um jornal que segurava sobre a cabeça enquanto espremia os olhos na tentativa de visualizar o carro de seu melhor amigo na estrada pouco movimentada.

Ele voltava para casa após um dia longo na faculdade cheio de cálculos e provas. Contudo, no meio do caminho, foi surpreendido pela chuva que não cessou desde então. E não teve onde esconder-se, todos as lojas da avenida estavam fechadas e o ponto de ônibus encontrava-se longe demais, por isso, teve que se contentar com a porta de uma mercearia que mal o abrigava, xingando-se por 5 minutos por ter escolhido não pegar o ônibus. “São só 20 minutos de caminhada”, ele murmurou para si mesmo, irritado.

É verdade. O percurso da faculdade até seu apartamento é curto e ele, se distraindo facilmente com a paisagem, quase não nota o tempo passar. Mas, naquela tarde, ele deveria ter desconfiado do céu carregado. “É só uma nuvem chata”, murmurou novamente, em uma péssima e afinada versão de sua própria voz.

Sehun sentia frio e ele temia ficar doente justamente na semana final de provas do semestre. Ah, que raiva que sentia! Ele já estava parado ali, na porta da mercearia há horas (tudo bem, ele é um pouco exagerado), mas que ele estava ali há um bom tempo, isso é certeza.

Ele pensou que ficaria apenas por um tempinho até a chuva passar. No entanto, a maldita não passava! Por isso, deu o braço a torcer e resolveu pedir ajuda ao seu vizinho e melhor amigo Byun Baekhyun, que acabara de ganhar um carro de presente do pai por razão alguma. Baekhyun, como o preguiçoso que era, resmungou por uns bons 5 minutos até ceder e aceitar ir busca-lo. Porém, desde que ligara há 15 minutos, muitos carros passavam pela estrada e nenhum deles era o dele! Sehun não sabia o que ele tinha mais vontade: se era se matar por não confiar em suas intuições ou por confiar no Baekhyun.

Resolveu esperar um pouco mais, mas já começava a se indagar se não era melhor ir andando para casa, já que estava encharcado mesmo.

Mas ele esperou. E esperou. Observou o semáforo mudar de cor infinitas vezes, até que estagnou no sinal vermelho e foi nesse instante que a sedã preta parou, bem em frente a ele.

O motorista não buzinou nem nada, mas Sehun não quis saber, ele apenas amassou o jornal, colocou a mochila nas costas e foi andando até o carro. A porta já estava destrancada e ele entrou, simplesmente.

— Por que você demorou tanto? — ele perguntou ao fechar a porta.

O motorista usava fones de ouvido e parecia concentrado no celular, ele elevou os olhos brevemente para o olhar se o semáforo havia mudado, e sim, ele estava verde. Imediatamente, ele percebeu o que o retrovisor refletia no banco traseiro e virou-se bruscamente.

— O que você está fazendo no meu carro? — perguntou espantado. O garoto possuía cabelos loiros como o Baekhyun, mas ele não era o Baekhyun. Sehun não conseguiu conter o constrangimento e ficou estático, sem saber o que dizer.

— Quem é você? — o motorista loiro de traços delicados exigiu saber, desta vez com o tom mais firme.

— Ah, m-me desculpe! Eu... esperava um amigo e ele tem um carro como o seu, eu me confundi, desculpe... — Sehun respondeu rápido ao se recompor do susto, embolando-se em suas palavras. O motorista não deixou de exibir um semblante desconfiado, mas relaxou.

— Ah... — foi o que conseguiu dizer.

Passado o embaraço inicial, Sehun finalmente percebeu que havia se sentado no banco do desconhecido com as roupas molhadas.

— Ah, droga! Me desculpe por molhar o seu banco, é melhor eu sair! — ele preparava suas coisas quando o estranho disse de repente:

— Ei, já que você já está aqui, não quer que eu te leve a algum lugar? Quer dizer, até onde você possa se proteger da chuva, pelo menos. — ele falou meio desconcertado com a situação inusitada.

— Ah... Ok. Obrigado. — Sehun respondeu sem coragem para recusar. — Adiante tem um restaurante. Eu posso pedir para o meu amigo me pegar ali.

— Ok... — o motorista respondeu e virou-se a fim de encarar a pista, o sinal mudou para vermelho. Ele retirou o fone de ouvido e guardou o celular na bolsa que estava sobre o banco carona apenas para ocupar-se durante o silêncio estranho. Tudo o que se ouvia era o barulho da chuva caindo violentamente sobre eles e o batucar do motorista no volante, ansioso para pisar no acelerador.

O sinal abriu e o motorista acelerou, mas continuou dirigindo devagar, preferia ser cauteloso com a pista molhada. Sehun permaneceu quieto em seu assento, vez ou outra trocava olhares envergonhados com o loiro pelo retrovisor, mas ambos sempre desviavam rapidamente. Logo, eles chegaram ao restaurante e o motorista estacionou diante dele.

— Hum... chegamos! — ele disse, olhando Sehun pelo retrovisor.

— Sim, obrigado! — Sehun disse, desamassando o jornal que usava como guarda-chuva. — Desculpe por qualquer coisa... Dirija com cuidado! — ele disse ao motorista enquanto saia do carro, correndo até o interior do restaurante, sem ouvir o motorista lhe responder “de nada”.

Dentro do estabelecimento, Sehun se deu conta da situação e quis se enterrar em um buraco. Em sua mente, ele ficou repetindo “Eu te odeio, Byun Baekhyun! Eu te odeio” enquanto procurava pelo celular na mochila. Ele discou o número do vizinho, e agora, talvez ex-melhor amigo, furiosamente. O maldito atendeu na primeira chamada.

— Onde você está? — ele basicamente gritou a pergunta, mas se recompôs ao perceber que estava em local público.

— Ei! Por que você está gritando? — Baekhyun perguntou, calmamente. — Estou a caminho. Antes de vir, eu tomei banho e parei para comer. Onde você está?

— Tá, tá. Eu estou naquele restaurante vermelho da avenida. Só vem logo. — ele disse, sem paciência. Sentia-se exausto!

Alguns minutos depois, após a ligação, Sehun recebeu uma mensagem.

“Estou aqui”, ele leu e rapidamente saiu do restaurante. Antes de adentrar o carro, certificou-se de que era realmente Baekhyun quem dirigia. E, graças aos deuses, a pessoa sentada diante do volante era o seu vizinho preguiçoso.

— Eu te odeio! — essas foram as primeiras palavras que Sehun usou para cumprimentar o amigo no momento em fechou a porta. Baekhyun, alheio aos acontecimentos prévios, perguntou inocente:

— O que eu fiz?

E Sehun o contou, contou tudo, sem deixar os xingamentos direcionados ao amigo de fora. E Baekhyun, ansiando ganhar o título de “apenas vizinho e ex-melhor amigo”, riu. Simplesmente riu de toda a situação, gargalhando alto por todo o caminho até o edifício onde moravam.

Sehun, esquecendo-se de sua raiva, riu junto com ele. De fato, era uma situação engraçada, ele tinha que aprender a rir da vida e, às vezes, rir junto com ela.

Eles ainda comentavam sobre o incidente do Sehun quando subiam as escadas rumo ao terceiro andar e Sehun já começava a espirrar e a tremer de frio, por conta das roupas úmidas.

Quando finalmente chegaram, cada um, parado diante de sua porta, despediu-se e desejou boa noite ao outro.

2017. existiu uma época em que escrever era tudo para mim, a todo momento eu estava escrevendo besteiras como essa aqui, planejando histórias mais sérias... a vida sugou essa paixão de mim e agora eu quero retomá-la. eu planejo escrever um livro, não sei sobre o que ainda, só sei que ainda tenho muito a falar e a escrever. a adolescente que escrevia essas bobeiras cresceu e está pronta para se mostrar ao mundo. :)

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