teoria das cores



O preto é percebido quando algo absorve praticamente toda a luz que o atinge. O preto é a cor do mistério e está associado à ideia de morte, de luto e de terror. Uma cor com valor de certa sofisticação e luxo. O uso em excesso estimula a melancolia, depressão, tristeza, confusão, perdas e medo. Por isso, na verdade jamais deveria ser usado por pessoas que acabaram de perder um ente querido como sinal de luto. É a "não" cor, ausência de vibração, cor das pessoas que buscam proteção ou afastamento do seu arredor. Indicada só para detalhes de acabamento ou objeto, pois pode deixar o ambiente muito escuro, a não ser que esta seja a intenção. O preto também pode sugerir silêncio.

Capítulo um: Ausência. 

Já é noite?

Indagou-se. Sua voz soou como um sussurro fraco e cansado no momento em que abriu os olhos e deparou-se com o nada. As cortinas estavam fechadas, ele não poderia saber, apenas deduzir, então continuou na mesma posição, imóvel, respirando. 

Ele ouviu dizer que inspirar pelo nariz e expirar pela boca gradativamente e repetidamente acalmava o corpo, os nervos, relaxava. Mas nada disso funcionava com ele, seus pulmões pesavam e a sensação de desespero lhe preenchia, pois sentia que sua asma atacaria a qualquer momento.

Ergueu-se. O movimento deve ter sido muito brusco e repentino para sua costela doer de forma tão aguda e latente que ele xingou, o palavrão escorregou por seus lábios antes mesmo que pudesse processar, mas, naquele momento, ele não se importou, caminhou até a janela. Com muito cuidado, espiou pela fresta da cortina e percebeu que estava certo. Apenas alguns meses de prática e entre erros e acertos ele finalmente estava pegando o jeito. Conseguia facilmente deduzir se já havia anoitecido. 

Era desconfortável andar, arrastar os pés pelo chão frio. Mesmo no escuro, ele sabia se guiar. Sua costela doía para caralho e ele só queria gritar, extravasar todos os palavrões que conhecia. Infelizmente, a mínima manifestação de dor era um luxo que ele não podia ter, então, por favor, mantenha sua boca calada e guarde o palavrão entre essas quatro paredes.  

Ele não tinha celular. O único relógio do hotel onde morava ficava na recepção e ele nunca se arriscava em ir até lá quando não era a hora certa. Mas como agora era a hora certa, espreguiçou-se e abriu as cortinas. A janela revelando nada além da escuridão já que neste lado do hotel não havia nenhum poste ou lâmpadas de iluminação. Ele preferia assim.

Mesmo no escuro, Oh Sehun conseguia se guiar pelo pequeno quarto. Encontrou seu armário e retirou dele seu uniforme de trabalho, vestiu-se sem pressa. A mão relaxando sobre a barriga, ele abriu a porta e espiou o corredor vazio, silencioso. Vagou solitário, rumo ao andar de baixo, tentando não fazer barulho. Não encontrou com ninguém. 

Sehun trabalhava para sobreviver. Não era algo especial, mas foi o único emprego disponível para alguém como ele. Não havia nada de especial em sua vida. E seus dados eram básicos:

Oh Sehun.

26 anos.

Sem parentes próximos.

Sem amigos.   

Zelador.

Nada mais a acrescentar. Ele costumava dormir durante todo o dia para poder trabalhar a noite tranquilamente. Sehun era um zelador de um colégio de ensino fundamental e ele trabalhava durante toda a madrugada, para chegar em casa no inicio da manhã. Às vezes, quando necessário, ele se obrigava a ir ao mercado e seu pior pesadelo era ter que interagir com a mulher do caixa quando lhe perguntava monotonamente se ele queria sacola de papel ou plástico.

Sehun não sabe explicar qual o motivo de sua rotina ser tão monótona e repetitiva. Não é sua culpa, afinal não é como se ele estivesse ciente dos últimos 20 anos de sua vida.

Perda total da memória.

Foi o que médico estrangeiro lhe disse quando ele acordou dois anos atrás na cama de um hospital público. Tudo lhe pareceu tão branco. Ele acordou sem saber seu nome, sua idade e até mesmo sua nacionalidade. Os exames negaram qualquer fratura. Não havia indícios de pancadas na cabeça e nem consumo de drogas ilícitas. Seu caso estava sendo estudado, mas ele cansou de ser cobaia e fugiu do hospital. Ele não ligava mais.

Tudo o que sabia sobre si mesmo se resumia aos últimos dois anos e alguns memórias. Existia uma lacuna em sua mente, buracos que talvez nunca fossem preenchidos. Ele havia separado a sua vida em dois períodos, o agora e o passado. E no agora, ele vivia solitário, confuso e triste.

Ele leu uma vez um artigo sobre o luto e descobriu que as pessoas usavam a cor preta para lamentar suas perdas. Sehun nunca havia se identificado tanto com algo, por isso pintou as paredes de seu quarto de preto, em luto por sua antiga vida que nunca retornará.

Seus sentidos foram sucumbidos pelas paredes pretas e madrugadas frias. O chão era a sua segunda pele. Sehun já estava enraizado no sentimento de falsa independência e auto desvalorização. Ele havia deixado de se importar. Seus sentimentos eram desnecessários e ele os afogava com álcool barato que comprava no bar da pensão.

Ele evita a luz do dia, pois não quer ter a sensação do sol aquecendo sua face. Não quer ver as pessoas lutando e vivendo suas vidas quando ele havia desistido totalmente da sua. Ele preferia e viveria assim até morrer, algo que não esperava que demorasse tanto. Ele espera a morte impacientemente. Por que não o levar logo?

Ele pensava e pensava e pensava. O que a morte tinha contra ele? A maioria das pessoas tinham medo de morrer, mas ele não. Ele a abraçaria como um amigo que nunca teve e sua alma seria feliz, pela primeira vez. Por que não ele? Nada o prendia aqui.

Só que havia algo. Existia um detalhe oculto. Sehun tinha vergonha de admitir para si mesmo, mas ainda havia algo.

Ele não sabe dizer quando começou. Ele só sabe que ele aparece em seus sonhos todas as noites, de formas diferentes. Como uma pessoa, um animal ou um objeto, mas Sehun sabe que ele está ali.

O sonho da noite passada foi um dos mais esquisitos. Desta vez, ele era uma árvore. Sehun nunca havia visto aquela árvore antes.

Mas ele conseguia ouvir a voz do desconhecido em sua mente, ecoando por seus ouvidos congelados.

“— Não. — ele diria com sua voz suave. — Não desista ainda. Ainda há muito que viver. Ainda há o que lembrar. Escute-me pelo menos uma vez... Não desista ainda.”

E Sehun obedecia. Ele era persuadido pela voz de veludo. Os céus gozavam de sua pessoa. Ele era um idiota por ouvir alguém em um sonho? Sim, mas era a única “pessoa” que conhecia e que zelava por ele. Mesmo que fosse apenas uma criação da sua mente. Uma tentativa desesperada para que el continuasse vivo. 

O dia seguinte será melhor. Pensava com esperança de que seus desejos se concretizassem. 

*
O branco é percebido em algo que reflete praticamente todas as faixas de luz. O branco transmite paz, de calma, de pureza. Também está associado ao frio e à limpeza. Significa inocência e pureza. O branco revela pureza, sinceridade e verdade; repele energias negativas e eleva as vibrações espirituais. Equilibra a aura e facilita o contato com os guias espirituais, promovendo o equilíbrio interior, a sensação de proteção. A luz branca traz todas as cores, ilumina e transforma. Ótima para qualquer ambiente, contudo se o local for totalmente branco pode se resultar em sensação de tédio e monotonia.

Capítulo dois: Presença

O branco é percebido em algo que reflete praticamente todas as faixas de luz. O branco transmite paz, calma, pureza. Também está associado ao frio e à limpeza. Equilibra a aura e facilita o contato com os guias espirituais, promovendo o equilíbrio interior, a sensação de proteção. 

Luhan coçou a nuca. Ele sentia todo o corpo tremer. Olhando em seu celular, era apenas três da manhã e ele não sabia o porquê, mas toda vez neste maldito horário, uma sensação esquisita o impedia de continuar dormindo.

Sentou-se na cama e encostou o corpo à parede, fechou os olhos e em questões de segundos as imagens tão conhecidas por si invadiriam sua mente como um filme, mas Luhan não o protagonizava. Era estranho. Como ele poderia vivenciar o momento mesmo sem nunca ter estado realmente lá?  

Mas Luhan sentiu. Ele sentiu o vento frio da madrugada tocando seu rosto enquanto o carro corria acelerado pela pista vazia, os faróis do carro sendo a única iluminação. Ele ouviu os gritos, uns apavorados, outros cheios de adrenalina vindos das adolescentes que também estavam no carro. Ele conseguiu sentir a presença de um adulto, este dirigia; de um jovem garoto de dezenove anos no banco carona e mais três garotas entre quinze e dezessete anos no banco de trás.

Ele conseguiu ver o sorriso perverso no rosto do motorista e a sensação de seu coração acelerar quando desviou da pista e começou a dirigir descontrolado pela floresta. Os gritos continuavam, em puro êxtase. E o garoto sentado à frente, seu rosto estava calmo, como se estivesse aproveitando o som das ondas e a brisa do mar. Ele possuía os olhos fechados. O jovem sabia o que aconteceria a seguir e ele ansiava por isso.  

Luhan gritava. Não! Não! Não! Mas ninguém era capaz de lhe ouvir, sua súplica era silenciada pelos gritos agudos das adolescentes. Ninguém além do motorista e do garoto estranho parecia saber o que de fato ocorreria. Ele não queria ver, mas parecia que seus olhos estavam sendo abertos por uma força invisível. Ele precisava ver.

Uma árvore grande e velha estava no caminho do carro. O motorista acelerou ainda mais. Os gritos aumentaram. E o coração de Luhan batia forte. Ele não pôde fazer nada, mas observar o momento em que o carro foi de encontro à árvore e o corpo do jovem rapaz atravessou o para-brisa. Mas neste momento, o rapaz sorriu.

E Luhan sentiu que só havia ele e mais uma alma viva em meio aos destroços do carro.

Luhan abriu os olhos com rapidez, sua visão foi tomada por uma luz branca, o que o cegou momentaneamente. Ele estava ofegante, suando frio e sua coluna doía como nunca. Acabou dormindo sentado, novamente.

Tentou consertar sua posição, fazendo com que sua coluna doesse com mais intensidade. Na ponta de seus dedos, se espalhava uma sensação de dormência, mas logo foi esquecida quando uma dor intensa ressoou em sua cabeça e algo escorreu por suas têmporas. Tateando, Luhan sentiu algo úmido e pensou que fosse suor, mas seus dedos estavam sujos de um líquido vermelho.

Desesperado, correu até o banheiro de seu pequeno apartamento, mas quando viu seu próprio reflexo no espelho, não havia nada. A dormência e a dor de cabeça havia cessado e o sangue dissipou-se.

Luhan sacudiu a cabeça algumas vezes e lavou o rosto com a água fria da pia. É. Ele estava ficando louco. 

Este mesmo pesadelo, não poderia chamar de sonho em hipótese alguma, vinha o perseguindo há algumas semanas. 
antigo para caralho, mas amo a ideia dessa história, mas execução não estava tão legal assim e eu nem terminei. 

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