“Você
é a quarta mulher que vejo este mês. Por que você acha que isso vai funcionar?”
Byun
Baekhyun vestia um lindo terno, da cor preta e de tecido macio. A roupa fazia
com que ele parecesse elegante, maduro e ainda lhe dava uma aura da realeza,
mesmo que tivesse apenas 17 anos. O cabelo estava arrumado para o lado, uma
grande camada de gel mantinha os fios firmes para não desarrumarem com o vento.
Ele estava bonito e com pressa.
Sentava-se
desleixado na poltrona, queria sair logo daquele lugar. Não queria ver outra
mulher, mas sua mãe o obrigara a ir. Ela literalmente implorou, irrompendo em
lágrimas para que ele fosse ver só mais uma mulher naquele mês
de junho.
Sua
boca parecia seca e isso o incomodava, por isso lambia os lábios ao escutar a
mulher sentada diante dele. Haviam começado a conversar apenas agora, mesmo com
ele ali há quase uma hora, sem dizer nada. No momento em que ele resolveu
abrir a boca, conversaram em um ritmo perfeito, ela perguntava e ele respondia
prontamente.
“Não
cabe a mim responder essa pergunta.” Ela respondeu, cautelosa. “Você quer fazer
isso funcionar?”
“Não.”
Ele respondeu simples e grosso.
“Por
que está vestindo um terno em pleno verão?”
“Por
que eu quero.”
“O
calor não te incomoda?”
“A
única coisa que me incomoda é você.”
“Por
que diz isso?”
“Porque
você me faz perder tempo.”
“Entendo.
Então onde você gostaria de estar? Não aqui, suponho.”
“Em
casa não. Só em qualquer outro lugar.”
“Por
que não quer ficar em sua casa?”
“O
que você acha?”
“Me
diga você.”
“Minha
casa é uma merda e aqui também.”
“Por
que você pensa isso?”
“Porque
é a verdade, não é óbvio?”
“Me
diga um lugar que goste.”
“O
cinema.”
“Por
quê?”
“Por
que você acha? É onde eu e os meus amigos nos encontramos. É o nosso lugar!”
“Vocês
assistiam muitos filmes lá?”
“Na
verdade, não. Nós ficamos em uma sala velha até escurecer.”
“Com
quem você ia lá?”
“Os
meus amigos. Você é alguma idiota?”
“Me
desculpe. Pode me dizer o nome deles?”
“Chanyeol,
Sehun, Jongin e Kyungsoo”
“Quando
foi a última vez que você falou com eles?”
“Ontem
à noite.”
“Sobre
o que conversaram?”
“Por
que você quer saber?”
“Eu
não posso saber?”
“Tanto
faz! Falamos sobre o novo filme do Kyungsoo.”
“Ah.
Sobre o que é?”
“Homens
de terno obcecados por flores.”
“É
por isso que está vestindo terno hoje?”
“Pensei
que fosse óbvio.”
“Do
que mais você se lembra?”
“De
que?”
“De
ontem à noite com os seus amigos. Sobre o que mais conversaram?”
“Muitas
coisas.”
“Não
pode me contar?”
“Eu
não quero.”
“Para
onde você vai hoje?”
“Encontrar
os meus amigos.”
“Onde?”
“No
cinema. Vamos filmar a história do Kyungsoo.”
“Na
sala onde vocês ficam?”
“Sim.”
A
mulher tinha um sotaque diferente, mas seu tom era calmo e paciente. Baekhyun
não entendia como ela conseguia, já que ele tentou ao máximo ser desagradável. Pelo
contrário, ela apenas perguntava e então anotava e anotava em seu caderninho
branco.
Ele
detestava branco.
Por
isso a cor de seu terno era preto. Ele detestava branco.
Byun
Baekhyun vestia um lindo terno, da cor preta e de tecido macio. A roupa o fazia
parecer elegante, maduro e lhe dava uma aura da realeza. O cabelo estava arrumado para
o lado, uma grande camada de gel mantinha os fios juntos. E seu rosto, seu
rosto tão, tão bonito, estava maquiado com delineador e lápis de olho. Sua
pele, tão macia e brilhante, estava queimada, marcada e morta.
Ao
sair da casa da mulher, ele cantarolava a melodia que Chanyeol escreveu
especialmente para ele cantar no filme de Kyungsoo. A música era sobre flores.
Ele
estava tão imerso e concentrado em cantá-la que se esqueceu de notar os olhares
direcionados a ele, os sussurros e as faces assustadas das crianças que corriam
dele.
Byun
Baekhyun passou pela banca de jornal da cidade, todo sorridente e feliz,
cantarolando a plenos pulmões a melodia de Chanyeol. Ele estava tão imerso na
canção, tão feliz, que se esqueceu de ler as manchetes exibidas na primeira
página do jornal da cidade.
Completa-se
quatro meses hoje do incêndio que devastou o cinema local.
A
tragédia deixou 8 feridos e 14 mortos, entre eles, o filho do dono do Cinema,
Park Chanyeol, e seus três amigos Oh Sehun, Kim Jongin e Do Kyungsoo.
A
perícia ainda não descobriu a causa do incêndio.
não costumo postar esse tipo de história aqui, mas como esse blog tem mais visibilidade que o feito para postagem de fanfics, me arrisquei a postar aqui. isso é algo que escrevi na sala de aula no ano passado ou retrasado, não me lembro direito. espero que tenham gostado.