dia 1 - 19 de maio de 2018

Eu venho contando mentiras a mim mesma e a todos. Por exemplo, eu digo as minhas amigas que beijos são nojentos e digo a minha mãe que nunca beijei. Nada disso é verdade. Beijar não é nojento... é apenas algo desconhecido para mim, mais uma coisa que eu não sei fazer direito. Meu primeiro beijo, ou meu primeiro tocar de lábios, se preferir, aconteceu quando eu tinha 11 anos. A maioria dos meus colegas, na época, já haviam beijado, inclusive amigas minhas e, sendo a garota de 11 anos em um novo colégio, eu não queria ser a única a nunca ter beijado. Céus, eu olho para as crianças com essa mesmo idade hoje em dia e penso: “Elas não deveriam estra fazendo essas coisas”, mas elas fazem. É tudo parte de uma cultura.

Voltando ao relato, estávamos no fim do ano e os professores já não tinham mais o que fazer, assim ficávamos livres para fazer o que quiséssemos na sala de aula. Como as crianças originais que éramos, fomos brincar de “verdade ou consequência”. Fui desafiada a “beijar” o meu amigo. Eu não queria que ele ter com ele o meu primeiro beijo, jamais fui idealista, mas esperava por algo que ao menos envolvesse sentimentos, mas talvez, aquela fosse minha única chance de ficar com alguém, então aceitei. Encostamos nossos lábios por 3 segundos e foi isso, de repente, lá se foi o meu primeiro beijo. Na última semana de aula, antes das provas finais, fui desafiada a “beija-lo” de novo. 

Naquele mesmo ano, eu havia inventado para minhas amigas que estava namorando o meu vizinho, Lucas, que nem existia. Uma semana depois e meu “relacionamento” terminou. Bem-vinda a pré-adolescência, Maria Luísa. Naquele mesmo ano, eu estava apaixonada por Sérgio, colega de classe, mas ele estava muito ocupado sendo popular e me rejeitando. 

Os anos se passaram e mais nenhum beijo para mim. Nenhum garoto jamais se aproximou de mim, querendo “ficar” comigo. Isso não era o mesmo com as minhas amigas, eu as invejava. 

Na sétima série, o mesmo amigo com quem eu dei meu primeiro beijo se apaixonou por mim, mas eu não gostava dele. Então, qual era a relevância disso? Neste mesmo ano e no ano seguinte, me apaixonei por Welinton, amigo da minha melhor amiga, não foi uma paixão de verdade. Ele era bonito, fã da Selena Gomez e de toda as outras coisas que eu gostava. Me agradava a ideia de gostar dele e a possibilidade de um futuro. Tivemos bons momentos, nenhum beijo, mas ainda assim bons momentos, caminhando juntos pela praia e assistindo ao pôr do sol. Na oitava série, descobri que ele era gay. Hoje somos bons amigos. 

O ensino médio chegou e o meu colégio... bem, ele nos dá mais liberdade do que eu estava acostumada. Cheio de gente diferente, gente bonita. Me apaixonei por Templa (vocês podem ler um pouco sobre essa história aqui e aqui), apesar de conhece-la na internet, fomos parar no mesmo colégio. Por um momento, carregada de ilusão, tudo pareceu possível. Até que ela me rejeitou, um dia após o meu aniversário. Dois doloridos anos depois e posso dizer que finalmente estou livre dela. Graças a deus. 

Era estranho para mim, no começo. Eu me perguntava: “Como você tem certeza que também gosta de meninas se nunca beijou uma?”. Parte de mim sabia que era besteira e que eu sempre soube que gostava de garotas, eu sempre fui assim, mas mesmo assim... a dúvida ainda estava ali. Até que o dia chegou. Meu primeiro beijo com uma garota. Novamente, foi em um jogo de verdade ou consequência. Acho que só assim para alguém ficar comigo. Novamente, não queria que rolasse daquele jeito, mas talvez, fosse a minha única oportunidade. Foi estranho. Ela colocou língua e eu surtei porque não sabia o que fazer. Era o meu primeiro beijo de verdade, então fingi rir porque estávamos bebendo são Jorge e rodeado de amigos, tudo era uma brincadeira. Não queria que ninguém notasse que eu simplesmente não sabia beijar. 

Eu me pergunto o que há com certas pessoas. Elas simplesmente são bonitas? E legais? E outras pessoas simplesmente querem ficar com elas? Gostaria de fingir que sou superior, que não ligo para essa merda, mas veja bem: sou uma jovem com histórico de amores frustrados que apenas resultaram em corações partidos (o meu, para ser especifica) e que nunca tinha beijado ninguém. Não considero nenhum desses beijos que citei ou outros selinhos que distribui como beijos reais. Eu ainda quero dar o meu primeiro beijo. Mas eu não o idealizo, só quero que seja sincero. Quero que a pessoa saiba que eu nunca fiz isso e me ajude ou que esteja tão perdida quanto eu. Quero que se apaixonem por mim, e me toquem e me queiram. 

Ao invés de dizer isso, eu conto mentiras e finjo ser quem eu não sou. Para mim, beijos não são nojentos como expus as minhas amigas. Eu só quero beijar alguém que eu goste e que goste de mim também e que ambos possam dizer: “Nossa, somos péssimos nisso, mas vamos aprender juntos”.         

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Olá aqui estou eu 5 meses após dizer que o blog acabou, bem isso não quer dizer que eu voltei, eu só precisava postar isso aqui. Hoje assisti a um filme que foi gatilho para mim e fez minha mente vagar. Resolvi fazer essa espécie de diário para eu escrever os meus sentimentos.  Não sei se essa “terapia” vai funcionar ou durar, mas por ora, estou aqui.