Eu me sinto vazia, desse jeito mesmo que você está pensando.
Sem conteúdo e insípida. Só sei repetir discursos cujos significados muitas
vezes desconheço somente por ser o que as pessoas querem ouvir: a opinião
revolucionária.
Às vezes, eu não tenho ideia do que está ocorrendo a minha
volta, mas eu reproduzo o discurso que eles querem ouvir.
Quem eu era há um ano? Com certeza uma pessoa com atitude e
opiniões próprias. Onde está essa Luísa? Pois eu não a vejo mais.
Hoje eu cansei.
Antes eu tinha sede de saber, procurava me informar, ler.
Hoje, se as pessoas com quem eu ando pensam x,
então eu pensarei o mesmo. Tenho saudades da menina que colocava batom vermelho
nos lábios e saia gritando discursos feministas e empoderados na sala de aula.
Hoje, eu simplesmente dou risada (forçada, só para constar) e digo "é né". Nem se parece com a pessoa
que há um ano exclamava com orgulho: "sim,
eu sou puta".
Muitas mudanças positivas ocorreram neste ano que se passou,
isso é um fato que nunca negarei, mas muitos defeitos se apossaram de mim
também e eles estão me impedindo de crescer.
Eu sempre fui uma aluna preguiçosa e desorganizada. Mas,
pelo menos, eu buscava me informar depois, eu corria atrás e fazia alguma
coisa. Hoje, eu não faço nada. Literalmente nada, nem ao menos prestar atenção
nas aulas eu consigo. Meu boletim está uma vergonha.
Como eu me tornei o tipo de pessoa que não consegue se
importar com nada?
Eu pergunto a mim mesma: será que estou com algum problema?
É o colégio? É a vida? É a família?
Quem é essa garota que vive trancada no quarto e não
consegue conversar com mais ninguém? Que prefere perder amizades e se afastar a
ter que abrir a boca para puxar um assunto?
Quem é essa garota que vejo no espelho agora? Ela sou eu de
cabelo mais curto e crespo, com mais espinhas e olheiras profundas. Além dessas
mudanças, eu continuo a mesma. Meu peito não cresceu mais, continuo roendo
minhas unhas, continuo tendo cólica nos primeiros dias da menstruação. Eu ainda
sou eu, mas isso o que enxergo não se parece comigo.
Eu queria poder apertar o botão de reiniciar, volta lá no
tempo e fazer as coisas diferentes. Eu queria poder evitar perder a essência do
meu ser, pois eu não estou feliz com a minha vida no momento. Não me sinto
feliz de machucar tanto os outros quanto a mim mesma. Eu preciso
desesperadamente começar a me importar com alguma ou então só poderei temer o
dia em que esse desânimo acabará com a minha vida já que nada me importa mesmo.
este é o primeiro de uma série de textos que retratarão como eu me sinto no dia a dia.
♥
Seu texto é profundo demais e adorei cada trecho dele. Acredito que todos nós nos sentimos assim uma (ou muitas vezes) na vida. É triste, de fato.
ResponderExcluirPassamos por tantas mudanças e coisas acontecem conosco e/ou no fundo afora que fica cada dia mais difícil de processar e seguir em frente. As vezes é bom desligar do mundo, ficar sem ler noticias e só ver fotos de animais fofos. Existe épocas que eu fico assim e outras que vou para manifestações até de maconha e faço textos militantes. É difícil viver com isso e viver assim porque tão pouco mudam as coisas no meio social.
Eu não sou a pessoa que diz que "o tempo passa e as coisas ficarão bem" porque não acredito nisso, mas acredito que nós podemos mudar nossa vida quando percebemos que ela está ruim/parada/tediosa. Enfim, adorei e espero por mais.
Infelizmente não consegui seguir seu blog :(
Beijos, Mirela (https://gyllenswift.blogspot.com.br/)
Esse texto foi bem um desabafo mesmo, eu tinha visto uma foto no twitter que dizia "se você está com raiva, escreva" e foi o que fiz, coloquei meus sentimentos no papel e isso me aliviou bastante.
ExcluirDiferentemente de como fazia no outro blog aonde eu apenas relatava o que sentia, como num diário, eu percebi que essa forma não me ajudava tanto. Desse jeito como fiz, eu consegui botar o que sinto para fora e ainda me orgulhar de ter escrito um texto legal.
Sim, é realmente complicado balancear as coisas, mas eu estou a procura do meu equilíbrio e de quem sou.
Eu também não acredito nessa de que o tempo muda as coisas, até porque ele é algo abstrato, mas essa mudança vem da gente e dos ensinamentos que aprendemos com nossas experiencias ao longo do tempo. O que não dá é se entregar ao desespero, há um lado bom da vida por aí. ♥
Eu realmente não sei qual o problema que te impediu de seguir, mas coloquei o gadget aqui embaixo para não ter mais erros.
Obrigada por ler e compartilhar sua opinião comigo!
Coincidentemente encontrei esse blog durante uma das minhas crises. De vez ou outra esses pensamentos invadem minha cabeça, e duram cerca de semanas, onde meu corpo se torna inútil e eu me torno improdutiva.
ResponderExcluirSeu texto me descreveu por completo, é chocante imaginar o quanto eu me vi representada em cada palavra.
Fiquei muito surpresa em ver que muita gente se identificou também. Espero que esteja bem!
ExcluirSeria esse texto uma descrição minha?
ResponderExcluirCara... não consigo achar nada decente pra comentar.
Sentindo aquela invejinha de leve por você conseguir escrever o que sente, eu tento mas não funciona, aí fico aqui só sentindo mesmo.
um beijo na bunda com muito respeito.
<3
Assim, eu tento e sai essas coisas ai fegygfey
Excluir"com muito respeito" grito
bjs
esses sentimentos agoniam e uma das piores coisas (ou a pior) é se sentir totalmente fora de si e não se reconhecer, não se identificar naquele momento
ResponderExcluirmelhoras <3
sim, certamente! Muito obrigada :)
ExcluirTente se dar um tempo e apenas respeitar esse momento de transição. As mudanças, quando vêm (e sempre vêm), causam um rebuliço mesmo, mas depois conseguimos nos reencontrar outra vez. E esse reencontro é muito empolgante. Ensina. Inspira.
ResponderExcluirTenha um dia bem bonito.
Abraços!
As moscas na janela