O mundo é uma bagunça, densa e nebulosa e para ele não há conserto. Parece bobo, mas existir e lutar cansam demais. Minha existência parece ser negada a todo momento e o ódio à minha pele, ao meu gênero e sexualidade só reafirmam: não há lugar para mim aqui. Não há lugar para gente como eu. O mundo é dos brancos, é dos homens e dos espertos. O mundo é da matemática, das equações e deduções. Para o mundo, não importa a minha filosofia, o meu teatro e a minha história. Eu sempre serei esmagada. Sou pequena, miúda, uma insignificância tamanha em meio a todos aqueles que se destacam, que possuem um proposito e uma ideia concreta do que fazer com suas vidas. Viver é levar porrada na cara todos os dias e mesmo sendo teimosa, querendo acreditar que nem sempre as coisas serão assim, elas simplesmente são. A realidade não é singular, ela é plural para aqueles como eu: cuja cor foi pintada de vermelho, cujo rosto foi marcado de roxo. O mundo é uma bagunça e eu tento, mas é difícil e cansativo. É isto, estou cansada de me enganar. Nada vai mudar, o mundo é nojento e o ser humano é nojento. Sou um fracasso e tudo parece impossível e inalcançável e, me desculpem, mas eu não sou forte o bastante para aguentar isso. Não sou e nem vou tentar ser.
Acho que as vozes venceram e o peso sobre meus ombros aumentou.
Vocês venceram.
para b é n s.
